Administrando uma Carteira de Ações

Professor Metafix

No mercado de ações as oportunidades a parecem de forma inesperada e, às vezes, bastante previsíveis, mas quem administra deve se preparar nem que seja com um pouco de dinheiro para esses momentos…

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Administrando uma Carteira de Ações

“Neither a barrower or a lender be for loan oft loses both itself and friend and borrowing dulls the edge of husbandry.”
                                                                              William Shakespeare

            “Não seja credor nem devedor pois, muitas vezes, o empréstimo se perde com o amigo, e tomar emprestado atrapalha a administração”. A citação, acima, é de W. Shakespeare. Minha tradução pode não ser boa mas o conselho dele é um dos melhores que conheço! Claro que o grande dramaturgo estava escrevendo quando não existiam bancos ou instituições de crédito. Portanto, a advertência dele é ainda mais pertinente agora do que no passado porque atualmente temos alternativas de crédito. Assim, a melhor opção individual é aplicar o “excesso” de caixa em ações e mandar os amigos emprestar de bancos!

            – Dinheiro na mão é vendaval – diz a música de Paulinho da Viola, mas é também um poderoso instrumento de administração. Em qualquer atividade econômica é importante dispor de uma margem de recursos ou de bens que possam se transformar em dinheiro sem restrições à medida que surgem oportunidades de negócios.

             No mercado de ações as oportunidades a parecem de forma inesperada e, às vezes, bastante previsíveis, mas quem administra deve se preparar nem que seja com um pouco de dinheiro para esses momentos. Precisamos agir como serpentes que esperam pacientemente na moita pela passagem do ratinho.

            Entretanto, administração não é um processo linear simples, ela exige arte e equilíbrio emocional para lidar com os riscos e a plasticidade dos negócios. Recomendam-se rigidez no controle dos riscos, flexibilidade nas jogadas e fidelidade aos bons princípios. Gerenciar é questão de conhecimento, informação e bom senso, mas como dizia Mark Twain o problema do “senso comum” (versão inglesa de bom senso) é que ele não é muito comum.

            Alguns administradores usam truques geométricos para entender melhor a organização do negócio. Isso facilita bastante o processo administrativo. A tarefa pode ser dividida em blocos específicos para ajudar no gerenciamento. Comprar ações baratas e vendê-las é o bloco mais importante, é o cerne do gerenciamento. Alterar a composição da carteira, livrando-se de ações com baixo desempenho é um bloco fundamental. Esses blocos encerram problemas interdependentes e, às vezes, bastante distintos que servem para manter o negócio rentável.

            Outra alternativa é imaginar a carteira como um conjunto de prateleira onde se guarda as ações. Aquelas que dão estabilidade a carteira, que por força da demanda podem variar pouco, guardam-se numa prateleira mais alta. Num nível intermediário coloca-se um grupo de ações que pode ser alterado conforme as necessidades de curto prazo. Claro que nesse processo, algumas ações serão sacrificadas e outras favorecidas com compras adicionais. Estas seriam as ações próprias para swings ou jogadas de curto prazo.

            Numa terceira prateleira, de fácil acesso, ficam as ações usadas para eventuais day trading. Estas são escolhidas, conforme a necessidade, da prateleira intermediária e devem ser analisadas diariamente. Elas representam o campo de prova que testa a capacidade do gerente. A liquidez desta se altera muito rápido, haverá momentos quando a prateleira ficará vazia porque se apostou tudo, e haverá dias quando o dinheiro e as ações ficam parados, esperando uma oportunidade. O operador não deve se sentir obrigado a comprar ou vender no mesmo dia só porque tem dinheiro em caixa. Evite os devaneios da avareza e a impaciência do espírito, mas não tergiverse às decisões. Use os gráficos para encontrar o ponto de entrada e confie nos indicadores. Se houver probabilidade maior de uma nova onda lucrativa, aproveite-a!

            Considere a carteira também como uma entidade com personalidade própria. Ela se relaciona com o mercado como se fosse uma empresa. Isto é, separe o dinheiro para investimentos das despesas pessoais. O caixa da carteira nunca deve se confundir ou se misturar com o bolso do gerente. O pior erro administrativo de pequenos negociantes e aplicadores no mercado é não separar as necessidades do negócio dos impulsos pessoais para gastar.

            Como é necessário alterar a carteira internamente ao longo do tempo, encontrar a composição ótima exige atenção, diligência e flexibilidade. Alterando a quantidade de ações e mudando a composição interna são elementos distintos. Isto consiste em se livrar de ações com baixa performance, e adquiri outras que diversifiquem os riscos e aumentem os lucros. É importante lembrar de que, quanto maior o número de ações numa carteira, menor o risco.

            Por outro lado, se o administrador procura lucro no curto prazo e faz jogadas de day trading ou swing trading terá muito trabalho em administrar confortavelmente mais de meia dúzia de ações. É preferível aumentar um pouco o número de ações e fazer day trading somente com aquelas com boa retração dentro de tendência positiva. Isto exige alguma preparação antes da abertura do mercado.

            Destarte, o administrador deve se preparar para mudar de idéia muitas vezes no decorrer de uma operação. Palavra não tem valor no mercado, pois o compromisso do gerente é com o lucro e este não sofre de preconceitos morais e pode variar aleatoriamente. Além de tudo, o mercado manda e muda sem aviso por razões inexplicáveis. O bom administrador obedece sem choramingar ou colocar culpa nos outros porque ninguém controla o mercado. Se o investidor comprou uma ação, mas descobriu que não fez um bom negócio, deve se livrar dela enquanto tem lucro nem quer seja no mesmo dia. Isto seria um day trading não programado. Por outro lado, não faz sentido sair no mesmo dia de uma compra quando a ação ainda mostra força para o dia seguinte. É importante planejar mas, na batalha esqueça do plano, como dizia o General Eisenhower. 

            O modelo ideal deve ser flexível, talvez seja aquele que combina os 3 elementos mencionados acima, a saber: day trading, swing trading e longo prazo. Porque este sistema pode produzir um fluxo de caixa razoável é importante procurar um balanço entre a quantia de recursos para jogadas diárias e aquelas de longo prazo. Algumas ações merecem mais atenção do que outras, portanto o peso de cada uma vai depender do julgamento do gerente e das condições econômicas.

            O balanço financeiro e emocional é importante porque sabemos que quanto maior o risco menor o dinheiro que se deve colocar numa jogada – lei de loterias e de jogos de azar! O day trading viola as regra dos jogos de azar por força da necessidade de se aproveitar os movimentos de preço que ocorrem naturalmente ao longo de uma tendência. Por isso, cada investidor deve entender o perfil de risco pessoal. Não vale a pena sofrer com os riscos do negócio por causa de alguns trocados. Parafraseando F. Pessoa, podemos afirmar que viver é preciso, mas operar não.

            Evite os vendavais da imaginação e não se precipite com jogadas muito duvidosas só porque tem dinheiro na mão. O melhor de tudo é não perder dinheiro por inépcia, por tomar decisões precipitadas ou por qualquer outro motivo alheio ao negócio. Nestes casos, e em todos os demais, a prática é importante, mas acima de tudo o bom senso deve prevalecer. Não esqueça do ditado mineiro – o que engorda o boi é o olho do dono. Boa Sorte!

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